5 coisas que aprendi pedalando que também valem para a carreira profissional

Adquirir experiência, seja para evoluir no esporte seja na vida profissional, depende de vontade, estudo e prática; mas as semelhanças não param por aí

Eu andei muito de bicicleta na infância. Tenho ótimas lembranças da época e ainda consigo sentir a velocidade e a sensação de liberdade sobre as duas rodas. Lembro de passear nos fins de semana e férias no interior de São Paulo para chamar meus amigos, de casa em casa, para jogar futebol. No fim, pedalávamos mais do que corríamos atrás da bola. Com o tempo, e por muitos anos, larguei a bike, mas acabei resgatando esse hobby por causa dos meus filhos. E, ao acompanhá-los, pedalar virou uma das minhas paixões.

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É curioso que esse resgate tenha ocorrido praticamente ao mesmo tempo em que comecei a atuar como consultor de negócios em tecnologia. Esse fato me chama a atenção porque, após alguns anos dedicado a ambas as atividades, encontrei semelhanças entre elas.  São ideias que me ajudam, constantemente, a me tornar uma pessoa melhor e um profissional mais preparado.

Compartilho, aqui, cinco pensamentos que me surgem a partir desse breve diagnóstico:

1. Não importa o quanto você se considere bom, comece devagar

Apesar de saber andar de bicicleta – e dizem que quem aprende jamais esquece -, as coisas mudam com o passar do tempo. Depois de tantos anos parado, o reflexo já não é o mesmo, o trânsito na cidade é caótico e você não sabe até que ponto será capaz de percorrer o seu trajeto. Comecei dando voltas no quarteirão e, também, carregando a bike de carro a parques onde me sentia seguro. Aos poucos, fui adquirindo confiança e explorando mais a minha capacidade como ciclista.

Como consultor, seja qual for o tempo de experiência no mercado, a dinâmica e a expectativa do cliente exigem atenção total. Os dias podem ser turbulentos, mesmo para os mais experientes dos consultores, e a resposta correta nem sempre está na ponta da língua. Por isso, iniciar a atuação em empresas de menor porte, ou em projetos que envolvam assuntos e mercados que você já domina, não é demérito, e sim uma forma segura de começar e colocar à prova sua real capacidade.

2. Sozinho você vai mais rápido, mas em grupo você vai mais longe

O sistema cicloviário de São Paulo avançou muito nos últimos anos e isso me permitiu explorar a cidade por minha conta. Eu estudava a malha de ciclovias e definia um roteiro por bairros mais seguros, sem grandes subidas e com desafios que me pareciam viáveis. Após algum tempo, me juntei a grupos de ciclistas. Tive que aprender, então, a pedalar de uma nova forma, diminuindo a minha velocidade, por exemplo, de acordo com o ritmo do grupo. Isso me abriu a possibilidade de ir a lugares que eu jamais teria coragem, seja pelo fator segurança ou de me desafiar para seguir o grupo.

Da mesma forma, um consultor independente pode treinar para ser rápido. Por outro lado, ter parceiros dentro de um ecossistema ou juntar-se a uma consultoria permitirão jornadas mais seguras e com resultados melhores. Ao trabalhar sozinho, conquistar um projeto maior pode ser mais difícil, e mesmo que consiga, exigem trabalho de uma equipe que não pode ser criada às pressas. Além disso, dentro de uma consultoria as experiências de projetos anteriores são um diferencial que também garantem uma execução mais segura.

3. A velocidade de atualização das tecnologias não pode ficar só no discurso

Quando retomei o contato com a bicicleta, não tinha noção do quanto a tecnologia tinha evoluído. Hoje, elas são feitas de materiais como carbono e liga de alumínio, e possuem diferentes tipos de câmbio (até eletrônico!), pneus tubeless (sem câmaras de ar) e uma infinidade de outras mudanças que me surpreenderam. Cada conversa com outros ciclistas e em lojas especializadas foram verdadeiras aulas. Tratei de me atualizar, estudando a respeito e aproveitando o grande número de canais no YouTube sobre o tema. Aprimorei-me tanto que já me arrisco a dar meus palpites.

No mundo da consultoria não posso dar palpites. Temos que avaliar e recomendar o uso de tecnologias consideradas tendências, como, blockchain, Inteligência Artificial, IoT, entre outras, ao mesmo tempo que também recomendamos grandes investimentos em ERP, CRM e consolidações de organização ou migração para Cloud. O acesso à informação é vasto, mas saber diferenciar conhecimento e pesquisa sérias de propaganda e empolgação exige atenção. É assim que, aos poucos, construímos a nossa base de conhecimento.

4. Diversifique para se especializar

Nunca fui fã de academias, mas aprendi que se quisesse evoluir como ciclista não poderia ficar apenas pedalando. Comecei a me exercitar de outras maneiras que me proporcionaram melhor condicionamento e fortalecimento físico – e mental. Estar em contato com pessoas que possuem interesses comuns e, ao mesmo tempo, visões e metas diferentes é um excelente incentivador.

Conhecer e se envolver em assuntos que vão além de sua especialidade fazem de você um profissional melhor. Pessoalmente, gosto de ler, cozinhar, ser pai e pedalar (claro). Tudo isso me ajuda a lidar com os desafios que enfrento em meus projetos na consultoria, seja para gerenciar o inesperado, seja para me relacionar com as pessoas.

5. Pratique muito e avalie-se sempre

Conforme avançava em minhas pedaladas, fui buscando conceitos e equipamentos que pudessem me avaliar. A medição do ciclismo vai muito além de frequência, velocidade e distância; cadência, altimetria acumulada e potência são indicadores que me ajudam saber se estou evoluindo.

Da mesma forma, como consultor, é preciso sempre buscar avaliação. Diferentemente do ciclismo, esse processo é bastante subjetivo, mas faz com que o meu trabalho tenha resultados cada vez melhores. Costumo praticar essa análise de maneira simples: quando estou no meio de um projeto, paro e me pergunto “se outro consultor, com outro conjunto de conhecimentos e experiências, chegasse aqui para avaliar esse projeto, qual seria o diagnóstico?”. Buscar essa resposta costuma me orientar e me ajudar a acertar os rumos dos projetos.

Veja, não acredito que o tema se esgote, pois estamos sempre aprendendo. E considerar as nossas experiências pessoais na construção profissional nos faz mais completos e preparados para qualquer desafio.

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Na construção de um legado, nenhum cio consegue fazer um sucessor. Será mesmo verdade?

artigo assinado por

Ricardo Stucchi

Sócio-consultor
Mais de 20 anos de atuação na área de TI. Trabalha intensamente para dar respostas a problemas complexos dos clientes.
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