“Duvide um pouco da sua infalibilidade” (Benjamin Franklin)
Em praticamente todos os projetos de Estratégia & Planejamento de TI, ou em projetos de Governança de TI, essa questão surge de alguma forma, seja pela Diretoria da empresa preocupada com o futuro de sua cada vez mais estratégica área de TI, seja (em menor escala) por iniciativa do próprio CIO que pretende seguir outros rumos em sua carreira, ou simplesmente “aposentar-se”.
A experiência mostra, no entanto, que são raros os casos de “sucessão”. E, ainda mais preocupante, em geral são sucessões transitórias – voluntariamente ou não. Para os head hunters isso é ótimo, mas para as empresas e os profissionais, não necessariamente.
Onde estarão as possíveis causas dessa situação? Vou oferecer algumas idéias, e acredito que na maioria dos casos haja uma combinação de razões para o problema da sucessão em TI:
- Normalmente as áreas de TI não possuem profissionais habilitados para a gestão do departamento ou de outras áreas de negócios; historicamente a escolha da equipe focou em preencher lacunas de conhecimento técnico, ou em especializar os profissionais em temas ou sistemas específicos;
- Profissionais com habilidade de gestão e bons conhecimentos de processos são “pinçados” para outras áreas do negócio, em função da busca constante por encontrar e reter talentos;
- Há um gap salarial entre o gestor de TI e o nível profissional imediatamente inferior na hierarquia da área. Esse gap acaba por dificultar a contratação de “mini-CIO’s” ou “futuros CIO’s”;
- O CIO não prepara o seu sucessor: seja por “precaução” (para manter o cargo), seja por não ter essa preocupação, seja porque a empresa não pede para que ele faça isso (são poucas as empresas em que formar um sucessor é uma tarefa formal atribuída aos gestores), ou porque o CIO entende que precisa manter a TI “em rédea curta” (sob seu controle centralizado), em função dos riscos políticos e da complexidade dos
relacionamentos dentro da organização;
- Potenciais CIO’s deixam a área de TI em busca de melhores oportunidades: a área de TI usualmente não apresenta um desenho de carreira atraente (é muito comum encontrarmos profissionais com mais de vinte de anos de casa fazendo mais do mesmo);
- A posição de CIO é vista como uma função em declínio em certos segmentos de mercado: multinacionais estão centralizando a gestão da TI em alguma área geográfica, e tornando as TI’s locais prestadores de serviços, muitas vezes com funções menos relevantes dos que os terceiros contratados;
- O mercado de terceirização está se tornando atraente para profissionais com bom conhecimento técnico e capacidade de gestão;
- Usuários com poder de influência estão tomando parte do território da TI, principalmente em organizações onde o desgaste entre negócio e tecnologia é significativo;
- O CIO ainda gasta mais tempo com as operações (a rotina) de TI do que com entender e solucionar os requisitos estratégicos da organização.
As razões não param por aí, mas essas nove ajudam a colocar em contexto mais um dos desafios da área de TI em sua busca pelo reconhecimento como um dos pilares estratégicos da empresa.