A expectativa pela aceleração da economia brasileira trará desafios tanto para a TI quanto para o CIO
Por Sergio Lozinsky
“A sorte e a oportunidade somente favorecem os espíritos preparados.”
Pasteur
Com um mercado otimista para o novo ano, espera-se uma alavancagem do crescimento econômico no Brasil. A alta do Produto Interno Bruto (PIB), estimada em 2,32% para 2020, segundo dados do Ministério da Economia, fará com que zonas de conforto e truques funcionem cada vez menos no universo da TI. Essa expectativa de aceleração das atividades traz um aumento da concorrência, mas também estimula novas oportunidades de negócios, o que exige das empresas estratégia, inovação e agilidade.
Para a TI, o impacto dessa expansão tende a ser enorme. Isso porque o plano inicialmente estabelecido e já trabalhado com certa cadência pela organização é, “de repente” (embora anunciado e esperado), atropelado pelas necessidades inerentes ao crescimento. Há troca de prioridades, aceleração de projetos, contratação de profissionais com perfis diferenciados. E, com tanto acontecendo, as limitações tecnológicas internas se tornam mais evidentes.
O CIO não tem, portanto, muitas alternativas: ou transforma a TI em uma locomotiva do crescimento, ou acaba amarrando o negócio, tornando-se âncora no lugar de motor. O desafio é lidar com todas as mudanças complexas e simultâneas: a da tecnologia, do próprio CIO e da sua área de TI, além do negócio.
A pesquisa ‘Jornada do CIO: da realização pessoal ao sucesso dos negócios’, conduzida com exclusividade pela Lozinsky Consultoria, mostra que o grande dilema dos CIOs brasileiros é administrar a pressão e urgência por inovação, que gera uma forte expectativa do negócio sobre a TI e seu líder. Quase 55% dos entrevistados apontou este como o maior desafio hoje na organização. Mas como lidar com essa questão de forma eficaz ?
Avaliar a estrutura de TI necessária para suportar tantas mudanças é a primeira medida para que a área seja percebida como a locomotiva do crescimento empresarial. Mais do que o olhar sobre hardware, software e a equipe interna, todo o ecossistema de TI deve ser colocado na balança: tenho os fornecedores adequados ao desafio tecnológico? Os parceiros/terceiros possuem competência para entregar os serviços e os produtos com o escopo e a qualidade requeridos? O orçamento de TI é negociado sob uma governança que permitirá trabalhar sobre prioridades claras? Em linhas gerais, a TI apresenta o grau de prontidão exigido pela complexidade dos desafios empresariais?
O passo seguinte é estar atento ao que está disponível no mercado. O CIO precisa criar canais que permanentemente o abasteçam de informações sobre a evolução das soluções tecnológicas: uma área interna de P&D, participação em eventos relevantes, uso inteligente do relacionamento com fornecedores de TI, aproximação com startups e fomentadores de negócios são alguns caminhos possíveis.
A transformação dos negócios impõe, ainda, uma análise pessoal. Vivendo em constante pressão e sob desafios, liderando uma área da empresa sobre a qual os demais executivos sempre se mostram inseguros, o CIO precisa investir em autoconhecimento, avaliar com independência e precisão a equipe que comanda, aprimorar a sua comunicação com o negócio e lutar por um grau de autonomia condizente com a pressão e os desafios que lhe são impostos.
Em 2020 e nos próximos anos, a TI deve estar à frente ou, no mínimo, ter uma participação de destaque nos processos de inovação da empresa. E o CIO deve ser visto como um agente da transformação, alguém que introduz ideias e provocações constantemente. Aquele com espírito preparado para aproveitar as oportunidades de ser visto como um sujeito de sorte.
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