A TI proativa: com o negócio ou pelo negócio?

A TI precisa de proatividade para entregar real valor ao negócio, mas isso não quer dizer que ela tenha que assumir responsabilidades que são de toda a organização

*Por Ricardo Stucchi

“Proatividade da TI” não é um tema novo. Na verdade, já era antigo quando entrei nesse mercado. E lá se vão 25 anos! Contudo, se o tema continua em pauta e volta e meia é alvo de discussão, provavelmente é porque ele ainda há muitas questões que não estão esclarecidas ou consolidadas.

Não custa lembrar: proativo é o oposto de reativo – e reatividade ainda é uma característica muito comum ao modelo de gestão de TI nos dias de hoje. Tem muita empresa que ainda vive a realidade da TI “tiradora de pedidos”, sem capacidade de questionar meios ou razões daquilo que o negócio decidiu.

Esse modelo não produz os melhores resultados. Em muitos casos, isso acaba acarretando em líderes de TI cansados e/ou frustrados, além de parques tecnológicos caros e distantes das necessidades do negócio. 

Ser proativo significa liderar, provocar, trazer temas relevantes, e envolver as pessoas que deveriam estar participando da discussão do momento para assumir os papéis que lhe cabem. Contudo, isso só acontece quando a equipe de TI consegue efetivamente aproximar-se do negócio e mostrar seu potencial estratégico. Óbvio, não? Mas se é tão elementar, por que ainda estamos falando em ser proativos?

Um mito: a TI que resolve tudo

Poucas áreas corporativas são tão dinâmicas quanto a TI. Ela lida não só com avanços tecnológicos constantes, mas também com a complexidade inerente aos modelos de negócio, que cada vez estão maiores.

Só que existe um senão: a TI não entrega nada sozinha. Um CIO com ótimas ideias e uma boa equipe são um ótimo ponto de partida, mas poucos avanços serão realizados se o CEO e os executivos das demais áreas não se envolverem e não apoiarem as ações executadas pela área de tecnologia. Nem sempre isso é fácil.

Não basta os executivos da empresa afirmarem que a tecnologia é estratégica se, na prática, o tema não está na pauta ou não é priorizado, faltando dedicação e investimento.

Um efeito colateral da supervalorização da tecnologia nos últimos anos é que as outras partes do negócio passaram a vê-la sob um pensamento mágico, no qual ela resolve qualquer problema.

Essa é uma visão simplista. Nenhuma área de uma organização trabalha apenas para si, assim como nenhuma atinge seus objetivos sem o apoio de outras. De modo geral, todas as áreas precisam atuar com algum grau de cooperação e interatividade.

Depois dos extremos, a maturidade

Garantida essa cooperação, a empresa consegue criar um contexto onde a proatividade da TI vai gerar valor para o negócio e para todas as áreas envolvidas. Ela vai poder liderar processos de crescimento, criar soluções robustas e escaláveis e dar agilidade às operações, sem ficar apenas apagando o incêndio da vez.

Quando consegue romper esses dois círculos viciosos, a TI entra em outro estágio de maturidade, onde não se compromete mais do que deveria e tampouco delega mais do que o necessário.

Em sua jornada rumo à real proatividade, a TI precisa sempre se lembrar de que defende seus projetos não para beneficiar a si própria, mas sim ao negócio. Ou seja: são diversos os elementos da operação, senão todos, que vão colher os frutos dessa atuação proativa. 

O assunto tecnologia é estratégico e cabe à TI ser a condutora dessa discussão, mas nunca sozinha. 

artigo assinado por

Ricardo Stucchi

Sócio-consultor
Mais de 20 anos de atuação na área de TI. Trabalha intensamente para dar respostas a problemas complexos dos clientes.
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