(des)cloud, custos de TI, gestão de TI, cloud computing

Aumento de consumo e de custos com a nuvem traz movimento de (des)cloud

Cada vez mais, empresas começam a considerar o retorno da cloud pública para a cloud privada. Por que isso está acontecendo? E quando essa estratégia pode ser mesmo uma saída?

Por Fabio Ferreira

Há alguns anos, a migração para a computação em nuvem se intensificou e os data centers foram tachados até de símbolo do passado, de organizações engessadas e incompatíveis com a velocidade do mercado e das transformações trazidas pelo digital. Hoje, apesar das generosas projeções quanto à adoção dos diversos serviços em nuvem pelas empresas, o que se vê, também, é uma força oposta – a evasão, ainda que parcial, do ambiente da cloud pública. E vou explicar por que isso tem acontecido.

Vale pontuar que o movimento de (des)cloud começou a ser notado antes mesmo da pandemia, embora algumas mudanças tenham sido aceleradas pela crise sanitária. A necessidade do trabalho remoto levou para a nuvem, de maneira mais acelerada, vários serviços que as empresas já migrariam de qualquer forma: email, plataforma de videoconferência e outras ferramentas do dia a dia. Só que, nessa adoção em massa da tecnologia, diversas organizações colocaram grande parte dos workloads – inclusive, os que não estavam preparados para isso – na cloud pública.

O que aconteceu a partir de então? As empresas começaram a notar que o aumento do consumo dos recursos, juntamente da alta do dólar, estava elevando desproporcionalmente os custos, acendendo um sinal vermelho que ninguém enxergou à distância. Segundo a Canalys, empresa especializada em estudos no mercado de tecnologia, os preços da nuvem, em 2023, devem ter um crescimento de 30% na Europa. Nos Estados Unidos, o salto esperado é de 20%.

Essa realidade tem ao menos duas explicações. A primeira delas é a falta de controle, afinal, é muito fácil escalar servidores na nuvem, e essa comodidade acaba gerando permissividade. A cada nova demanda, surge um novo servidor, fazendo a nuvem crescer desorganizadamente. Diferentemente de um data center tradicional, que exige um controle mais efetivo, com aproveitamento de servidores e colocação de aplicações similares no mesmo ambiente, por exemplo, apenas para citar algumas estratégias.

Outro ponto é que a nuvem incorporou aplicações que não possuem tecnologia e não foram construídas para funcionar de acordo com as dinâmicas de cloud. É o caso de aplicações ‘conteinerizadas’ – aquelas que são executadas em ambientes isolados de computação -, aplicações que têm microsserviços e outras que demandam menos capacidade de hardware. Isso comprometeu o desempenho das operações, gerando uma necessidade ainda maior de processamento do que haveria em um data center mais tradicional.

Para quem já fez o movimento de sair da nuvem, a economia pode ser real e significativa. Vejo empresas que saíram da cloud e economizaram 10 milhões de reais em três anos, tudo isso mantendo o desempenho que a empresa mantinha na nuvem. 

Estou eu, então, incentivando toda empresa a abandonar a nuvem pública? De maneira alguma. E é sobre isso que vamos falar agora.

Cloud ou (des) cloud, eis a questão

Será que a sua empresa deve seguir a tendência do (des)cloud? Como ocorre com todo problema complexo, não há resposta simples para essa questão.

O primeiro passo é entender que, sim, o movimento é tecnicamente viável. E se um ambiente de data center consegue prover a mesma capacidade de elasticidade que a nuvem tem e as mesmas garantias, essa pode ser uma boa ideia.

Antes de tomar uma decisão, porém, é fundamental fazer uma análise de viabilidade, a fim de estudar os impactos de permanecer na nuvem e, também, de sair dela. Em muitos casos, o (des)cloud pode não compensar, é fato, e a melhor saída talvez seja mesmo buscar uma redução dos custos da nuvem. Além disso, tenha em mente que toda migração tem um risco: fazer a aplicação funcionar para o usuário. E isso leva tempo (e dinheiro).  

A decisão foi tomada? Então o passo seguinte é um planejamento bem feito. Note que isso vale para os dois lados: se a opção for pela continuidade na nuvem, então o caminho é estudar estratégias para reduzir o workload e os custos. Se a decisão for migrar, é necessário organizar a mudança e minimizar os impactos na operação.

Lá atrás, quando a cloud invadiu as empresas, jamais acreditei que a migração atingiria 100% das operações. Passados os anos, podemos inferir que vários serviços permanecerão na nuvem, mas uma parte, eventualmente, voltará para o lugar de onde veio.

artigo assinado por

Fabio Ferreira

CTO e sócio-consultor
Expert em infraestrutura tecnológica e sistemas. Tem 20 anos de experiência na indústria de tecnologia da informação e de serviços.
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