Por uma arquitetura corporativa com mais inteligência (artificial)

A IA pode trazer uma nova camada à arquitetura de TI como a conhecemos, e isso pode transformar totalmente a maneira como pensamos sistemas e aplicações

*Por Ricardo Stucchi

Se o cenário de negócios tem se transformado tanto por conta das mudanças tecnológicas, por que a arquitetura de sistemas deveria permanecer estática? Há uma grande variedade de novas ferramentas, especialmente embarcadas com inteligência artificial, que estão se mostrando capazes de aprimorar os processos, e não há razão para não explorar esse potencial. Na verdade, sobram motivos para fazê-lo: essas soluções podem modificar a interação entre os elementos de uma arquitetura tradicional, com ganhos significativos de eficiência, produtividade e otimização de custos.

Para seguirmos adiante nesse raciocínio, vamos antes revisar o próprio conceito da arquitetura empresarial. De modo geral, ela é dividida em quatro perspectivas, representadas por uma pirâmide. Da base ao topo, temos:

  • Infraestrutura tecnológica: aqui entra não só a infra propriamente dita, mas também as telecomunicações, a segurança da informação e tudo que garante a operabilidade dos sistemas;
  • Informações: é a camada onde os dados de qualquer natureza são armazenados;
  • Sistemas aplicados: é a camada de aplicações, onde os softwares do negócio estão consumindo e transacionando os dados;
  • Negócio: aqui entram os processos de negócio, apoiados sobre as três perspectivas anteriores.

Nossa pirâmide, portanto, apresenta-se assim:

Até aqui, nada de novo. Mas já existe uma discussão sobre uma divisão da perspectiva de sistemas aplicados, de forma a preservar uma camada onde estão os softwares tal como os vemos hoje, junto de uma nova camada exclusiva de aplicações que são incumbidas de orquestrar, sozinhas – ou com mínimo grau de intervenção humana – os processos de negócio. 

Hoje, esses processos são todos operados por pessoas, com um workflow (automatizado ou não) que executa as operações das empresas. Nesse novo e hipotético cenário que estamos imaginando, a inteligência artificial passaria a realizar a maior parte desse trabalho, com um grau de autonomia que permitiria, por exemplo, que equipes dedicadas a essa tarefa sejam significativamente menores do que são hoje.

Nesse modelo, haverá uma mudança completa na forma de pensar o desenho de novas aplicações. Veja: hoje, as aplicações são desenhadas a partir da experiência do usuário – que é, evidentemente, humano. Porém, se a aplicação passa a ser regida por uma IA, faz mais sentido que ela seja pensada de modo que uma máquina possa interpretar e operar esse sistema de maneira mais fácil e eficiente.

Da mesma forma, as informações precisam estar melhor estruturadas para que a sua camada de inteligência artificial possa tomar boas decisões. O que existe hoje ainda não possibilita um alto grau de complexidade nesse processo, a não ser decisões simples a partir de regras de negócio bem estabelecidas.

Salto arquitetônico

Via de regra, as empresas estão olhando para a inteligência artificial apenas como mais uma nova ferramenta para automatizar processos de negócio. Essa é uma visão limitada: a tecnologia tem um potencial enorme, e é limitante se restringir a apenas um deles. No caso do objeto dessa discussão, estamos falando mais precisamente da criação de uma camada adicional na arquitetura corporativa, que, caso se mostre efetiva, transformará como os negócios operam hoje, e a redução da necessidade de intervenção humana é apenas uma parte da mudança.

Lembre-se de que tudo isso ainda é um universo possível, mas não garantido. A IA é uma tecnologia que ainda está amadurecendo, e nossa experiência como usuários/beneficiários dela ainda se mostra insipiente e limitada. Ainda não foi exaustivamente testada, muito menos chegou ao ápice em sua curva de adoção e desenvolvimento, e assim como pode frustrar expectativas muito otimistas, acredito fortemente que, entre 5 e 10 anos, vai se revelar capaz de fazer muito mais do que conhecemos hoje.

Alguns meses atrás, escrevi sobre por que muitas arquiteturas de TI balançam e, às vezes, caem (leia aqui). Se falta maturidade e sagacidade para o modelo atual de arquitetura, o que dizer do seu próximo estágio evolutivo?  Mas, ainda que tenhamos uma jornada pela frente, a provocação segue válida: existem muitas funções hoje que envolvem processos burocráticos, de pouca complexidade, e que não agregam ao resultado final. 

Essa visão não é um exercício de futurologia – um papel que sequer me cabe. É muito mais uma leitura do cenário atual, e das oportunidades que a IA oferece, especialmente em um cenário de curto prazo. A indústria de software está trabalhando intensamente para criar uma nova geração de sistemas que trarão um nível de inteligência artificial maior do que aquilo que se conhece hoje. É uma progressão da tecnologia que pode trazer um nível de assertividade muito significativo, com menor necessidade de interação. E precisamos acompanhar essa evolução.

artigo assinado por

Ricardo Stucchi

Sócio-consultor
Mais de 20 anos de atuação na área de TI. Trabalha intensamente para dar respostas a problemas complexos dos clientes.
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