Na retomada dos negócios, a TI irá mostrar o seu valor – ou falhar em fazê-lo?

A área deve liderar a busca de soluções para o futuro pós-pandemia, o que só será possível se observar elementos de eficiência na arquitetura tecnológica e nas dimensões essenciais da área

Por Renato Maio

O ano de 2020 trouxe a pior pandemia a assolar o mundo desde a gripe espanhola, em 1918. Além da emergência sanitária, houve também um abalo econômico maior que o registrado pela crise de 2008. Os efeitos são complexos e ainda estão longe de chegarem ao fim, impondo desafios diários para empresas de todos os setores. Nesse cenário, a gestão de TI foi e ainda é uma das áreas mais exigidas – senão a mais demandada – na reação necessária para a continuidade dos negócios.

Essa dependência da TI ocorre porque a transformação digital finalmente chegou, ainda que à força. Em isolamento social, as corporações e seus colaboradores se viram sem alternativa a não ser realizar a maior parte de suas atividades profissionais em home office. Passado esse período, iniciou-se um movimento de flexibilização controlada e regrada para a retomada dos negócios, que muitos estão chamando de “novo normal”. 

Mas se “normal” pressupõe longevidade, essa expressão me parece mais um sofisma, uma ilusão coletiva. Afinal, a duração da pandemia está limitada pela descoberta de uma vacina eficaz, o que deve acontecer entre o fim deste ano e o primeiro semestre do próximo, segundo previsões de instituições confiáveis. Divergências conceituais à parte, a retomada dos negócios é um fato e pode ocorrer por diferentes modelos: o chamado “V”, mais rápido; em “W”, dividido em duas etapas; ou em “U”, um pouco mais lento. Seja como for, os motores da economia já estão se reaquecendo. E, na crise provocada pela pandemia da Covid-19, a TI não pode parar na UTI. 

É muito difícil uma organização combater uma crise se tiver uma TI doente, fragilizada, aquém da maturidade ideal. Tampouco consegue se beneficiar de qualquer recuperação econômica em grande escala se não tiver elementos de eficiência na arquitetura tecnológica e nas dimensões essenciais da área. E quais seriam as características dessa TI saudável?

Em linhas gerais, uma gestão com grau apropriado de maturidade, atenta e alinhada com as expectativas do negócio. Entre suas responsabilidades inalienáveis estão a governança (que é prioritária), arquitetura de sistemas, processos e serviços de TI, infraestrutura, estabilidade e continuidade, segurança da informação, processos de negócio e gestão de projetos. Em todas essas frentes, é preciso sempre avaliar a equação investimentos versus retorno – no sentido de refletir sobre quanto custa minha TI e o quanto ela realmente vale.

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Ao longo deste ano tão intenso, conheci várias histórias da TI. Algumas são positivas, outras medianas e, lamentavelmente, muitas são negativas, considerando as entregas que se fizeram necessárias. Obviamente, infraestrutura, acesso remoto, segurança da informação e ferramentas de colaboração foram os elementos mais desafiadores, e que geraram a maior percepção de qualidade dos serviços ofertados pelas áreas de tecnologia. Contudo, esses são apenas os aspectos mais visíveis: há outros elementos com igual ou maior potencial para a TI mostrar seu valor, ou falhar em fazê-lo: a arquitetura de sistemas, os serviços essenciais e a organização da área de forma geral. 

Inclusive, faço um breve parênteses para explicar que essa organização à qual me refiro acima trata tanto da definição do headcount apropriado para a empresa quanto da soma de conhecimentos e habilidades dos ocupantes das posições. O engajamento da equipe faz parte dessa definição, e ele é também responsabilidade do gestor de TI.

Pouco poderemos fazer pelas respostas insuficientes que a TI deu ao negócio até aqui.  Porém, podemos e devemos estar atentos para a hora da retomada – que, por sinal, já chegou. Ainda que a questão de saúde não esteja resolvida e possa trazer imprevistos significativos, estamos atravessando o período de transição para um cenário pós-pandêmico. Nele, é responsabilidade de cada líder preparar sua TI para se tornar a locomotiva dos negócios, ofertando soluções alinhadas com o potencial de crescimento e as expectativas para a economia em 2021.

Há uma demanda reprimida pelas atividades que foram interrompidas. Então, é tempo de planejar e ajustar a TI para impulsionar a transformação de negócios, encontrando os caminhos de prosperidade. Afinal, 2021 está logo aí.

 

Leia mais:

Os impactos que a pandemia de coronavírus impõe à gestão de TI

Continuidade dos negócios: por que o comitê de crise é a resposta possível, mas não a ideal

artigo assinado por

Renato Maio

Sócio-fundador
Especialista em desenvolver projetos em organizações multiculturais e globais, atuando com gestão de mudanças e impactos organizacionais.
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