Depois de quase dois anos lidando com os efeitos da pandemia, o horizonte começa a trazer a possibilidade de retomada das atividades presenciais. Reunimos sete líderes de tecnologia de grandes empresas para conhecer seus planos e ambições para quando este momento chegar
por Lozinsky Consultoria
Depois de mais de dezoito meses de incerteza, a pandemia parece estar caminhando para o fim — ou, ao menos, para uma situação de maior segurança e controle. Ainda que faltem alguns meses para ter toda a população imunizada, há um clima de expectativa e esperança que é quase palpável. E a retomada das atividades presenciais certamente terá grande impacto na vida das pessoas e das organizações.
Por isso, pedimos a sete líderes de TI de grandes empresas que respondessem à seguinte pergunta: “o que vou fazer quando a pandemia acabar?”. O interesse maior foi no comportamento individual desses gestores, embora, compreensivelmente, questões corporativas se misturassem às pessoais nas respostas — reflexo natural de um período em que as fronteiras entre temas pessoas e profissionais foram quase desfeitas.
Nosso objetivo com essa pesquisa não era, necessariamente, apontar ações conclusivas e, sim, ilustrar as diferentes maneiras como os líderes pretendem lidar com esse momento tão esperado e delicado. Confira a seguir os depoimentos exclusivos.
Fausto Demarchi, diretor de TI da UnitedHealth Group
“Priorizarei estar mais próximo da minha equipe. Quero entender melhor as diferenças, respeitando as necessidades e os estresses pessoais que cada um vem enfrentando ao longo desta pandemia. Este período trouxe, a todos nós, um momento desafiador, cada um em sua particularidade, seja na reestruturação familiar, devido a uma diminuição de renda, ou como pais que precisaram se adequar para manter a educação e os estudos de seus filhos. Quanto à minha rotina, será dividida em dois grandes blocos: retomada do planejamento e execução das ações, e o segundo — e mais importante — cuidar das pessoas. Somente com o equilíbrio de todos, conseguiremos engajar e empreender este processo de reconstrução.
Sobre os planos que deixei para depois, precisarei revisitá-los à luz da nova cultura organizacional e das novas necessidades estratégicas do negócio. Novas demandas apareceram em decorrência dos novos direcionadores de mercado e muitas ações que ocorreram em decorrência foram realizadas de forma imediatista. Por isso, alguns planos precisarão ser mais bem estruturados e solidificados, diminuindo os riscos e a exposição do negócio”.
Martinho Repullio Salvador, Gerente de TI do Grupo Santa Joana
“A pandemia não mudou nosso ritmo de trabalho nem provocou diminuição de investimentos. Não houve necessidade de mudar hábitos ou de nos retrairmos. Ao contrário, tivemos até um aumento de faturamento por conta do aumento da operação, porque o público buscou maternidades de referência para fugir dos hospitais gerais. Pouco tivemos home office, que é uma prática que a casa não entende como boa.
No aspecto pessoal, quero muito retomar a participação presencial em eventos. Isso está fazendo muita falta. Reconheço que as teleconferências facilitam e reduzem as distâncias, mas quando retomamos algumas reuniões presenciais, com fornecedores ou com equipes internas, notamos a diferença positiva que trazem. O olho no olho traz um elemento diferente às relações: as coisas evoluem com mais rapidez quando realizadas presencialmente, existe maior produtividade na discussão. Os eventos colaboram com o networking e proporcionam maior proximidade… Também quero voltar a me comprometer com estudos assim que tudo isso passar. Ganhos de conhecimento provocam rupturas na carreira e isso é algo que vou buscar assim que possível.”
Alexandre Gregianin, CTO da SmartFit
“Eu vou continuar o movimento que venho fazendo há alguns anos: reforçar os times de engenharia de software, dados e produto digital. O objetivo é dar suporte ao crescimento da empresa, procurando caminhos para trazer inovações do mercado de fitnesstech para dentro do grupo.
Vale observar também que algumas agendas do PDTI ficaram para trás com o início da pandemia, já que o foco e o orçamento tiveram outros alvos no ano passado. Agora, é a hora de retomar esses temas, e botar a estrutura do time nos trilhos novamente.
No plano pessoal, a mudança maior será na rotina: quero retomar as atividades físicas com a intensidade que eu tinha antes da pandemia. Hoje, só consigo me exercitar uma vez por semana, e isso me faz uma falta absurda para equilibrar a mente. Aliás, outra coisa ruim que a pandemia trouxe foi uma quantidade imensa de reuniões desnecessárias, tratando de assuntos que poderiam ter sido resolvidos com uma ligação. Isso tem que acabar já!
Mas o principal, que todos nós deveríamos fazer, e com intensidade, é celebrar o contato com amigos e família, como se não houvesse amanhã. Não podemos nunca mais deixar de valorizar uma boa festa, celebrando as conquistas profissionais e pessoais”.
Hugo Oliveira, gerente corporativo de TI da Rede Santa Catarina
“Quando a pandemia acabar, acho que haverá muito aprendizado. Uma das grandes quebras de paradigma foi com o trabalho em home office. Existia esse preconceito de não acreditarem que o modelo remoto era funcional, mas isso se mostrou totalmente o contrário: na verdade, notamos um grande avanço nas entregas. O nível de felicidade foi maior para os colaboradores.
Quando perguntamos aos times se eles querem voltar ao presencial, poucos respondem que sim. Sentem falta do relacionamento, mas não veem essa necessidade de retomar o modelo antigo. Devemos reatar esse relacionamento, com uma agenda de eventos pontuais — não só com a nossa equipe direta, mas também com os profissionais que usam nossos serviços. Esse contato é importante para conhecer mais profundamente nosso cliente final.
A pandemia também trouxe um distanciamento entre meus pares, os demais gestores de TI da Rede. Por isso, planejamos retomar as visitas entre as unidades da associação, para reforçar a proximidade estratégica entre os gestores. Tivemos projetos que foram congelados, pois exigiam investimentos maiores e, naquele momento, o foco eram as ações relacionadas à pandemia. Pretendemos resgatá-los”.
Alexander Borges, CTO da Petlove
“Boa parte da minha equipe passará a trabalhar no modelo de teletrabalho permanentemente. Alguns, inclusive, já se mudaram de São Paulo e outros já foram contratados enquanto residentes de outras cidades e Estados. A outra parte da equipe trabalhará num modelo rotativo, seguindo uma política de “remote first”, com reuniões e tratamento pensados como se todos estivessem remotos. Provavelmente, eu mesmo ficarei mais remoto que presencial, embora sinta falta das trocas do dia-a-dia com outras pessoas, especialmente de outras áreas da empresa. Também sinto falta de grandes viagens e de curtir momentos com os familiares dos grupos de risco. Por outro lado, aproveitei a pandemia para adiantar alguns planos pessoais, que se tornaram mais viáveis por causa das facilidades do modelo remoto”.
Luis Furlan, Head de TI da Usaflex
“Pra mim, reunir a equipe vai ser uma das prioridades pós-pandemia. A ideia é promover confraternizações e momentos de trabalho offsite. Também pretendo sentar com o time e discutir um plano de trabalho híbrido bem estruturado. Pessoalmente, quero voltar a participar de eventos, para retomar o networking presencial. Viajar e participar de uma extensão num local de língua inglesa também está entre os planos pós-pandêmicos”.
Luis Brocca, CIO da Frigelar
“O trabalho remoto começou como uma obrigação, mas creio que, agora, vimos que o modelo híbrido não só funciona, como pode ser uma ferramenta de retenção de talentos e diferencial competitivo. É uma modalidade que favorece e intensifica o treinamento e o engajamento. Até por isso, estimula a autoavaliação e o reconhecimento mútuo entre os colaboradores, bem como o autorreconhecimento. Nesse período, também ampliamos nosso conhecimento sobre a jornada do cliente e, mesmo com o fim da pandemia, minha rotina estará voltada para aumentar ainda mais o entendimento dessa jornada”.
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