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TI em Saúde: a tecnologia, sozinha, não salvará ninguém; momento pede por uma transformação de negócio

O momento pede mais que a simples adoção de novas tecnologias. É preciso falar de transformação do negócio, que depende da reestruturação das bases organizacionais e culturais

A Saúde é uma área vital e um dos mais complexos setores do mercado, com desafios urgentes a serem superados e em processo contínuo de renovação tecnológica. O HIMSS 2018, maior evento de Tecnologia da Informação em Saúde do mundo, que ocorreu em março, em Las Vegas, reforçou essa visão. Mas, durante os dias em que participei da conferência, junto a mais de 40 mil profissionais de todo o mundo, essa não foi a única constatação. O setor está atrasado e a razão disso não é a falta de tecnologia – pelo contrário.

Neste ano, o evento foi guiado por assuntos que passam pela convergência de tecnologias, empoderamento e segurança do paciente e exploração de dados por meio de ferramentas relacionadas à ciência de dados, como big data, inteligência artificial, internet das coisas (Internet of Things, ou IoT), por exemplo. Entretanto, em meio à imensidão de soluções apresentadas, a sensação é que não há entendimento suficiente sobre quais delas devem ser aplicadas para trazer os resultados prometidos pela transformação digital – no caso do setor, melhoria na qualidade da assistência e a redução dos custos, em especial.

Conquistar as metas da transformação em hospitais vai muito além de digitalizar dados. Envolve mudança de comportamento e de cultura, com a abertura de um novo ciclo. Pressupõe a discussão sobre as grandes problemáticas da Saúde – que geram custos altíssimos – como o foco na doença (tratamento) e não na saúde (prevenção), ocasionando longa permanência dos pacientes nos hospitais e aumentando os gastos das operadoras.

Leia também: Transformação de negócios: por que e como criar uma célula de inteligência na empresa?

Falta profundidade na abordagem à digitalização em Saúde. O momento pede mais que a simples adoção de novas tecnologias e carece de discussões importantes sobre maximizar a TI em benefício da governança clínica e suas diretrizes, por exemplo. É preciso falar de transformação do negócio, que depende da reestruturação de bases, governança e processos. Imagine uma casa em construção: cimento, canos e tintas só entram na equação após um desenho analítico que garanta que tudo funcionará da maneira correta, evitando falhas básicas, como vazamentos.

Para aplicar esse raciocínio na Saúde, veja um caso real de projeto em que atuo, uma instituição com mais de 12 mil colaboradores e que exerce atividades assistenciais e outras linhas de negócio. Antes de adotar qualquer tipo de solução, é preciso desenvolver um Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) com ações únicas e específicas para preparar o terreno. Esse momento de reestruturação consiste em rever, otimizar e atualizar processos, bem como modelos de gestão e arquitetura tecnológica, além de avaliar o comportamento das pessoas que trabalham em prol do negócio, a fim de sugerir adequações na cultura organizacional.

Se não houver crença em valores e capacidade de vislumbrar os resultados propostos no PDTI, fica muito mais difícil usar novas tecnologias. Não adianta fornecer dispositivos e sensores se a informação correta do paciente não chega no momento certo para o médico. Se os dados colhidos por um dispositivo IoT, por exemplo, não são estruturados de maneira absolutamente confiável e interpretados corretamente, a tecnologia vira um elefante branco, com diversas informações desconexas e investimento perdido.

Em resumo, a engrenagem precisa girar em torno de um tripé – tecnologia, pessoas e processos. A meta do setor de Saúde é adotar ferramentas que ajudem a diminuir custos, ao passo em que fornecem informações preventivas de acordo com o perfil individual, empoderam o paciente e o colocam em ambiente hospitalar apenas quando esse recurso for absolutamente necessário para preservar sua vida.

Na discussão de transformação do setor, é fundamental, ainda, a visão de que o paciente está no centro de tudo, e a TI deve fazer a diferença no momento de criar e melhorar a experiência do usuário. No entanto, enquanto a tecnologia não for entendida apenas como um meio, que acelera e amplia a capacidade de decisão dos líderes, ela não irá salvar ninguém.

artigo assinado por

Aldir Rocha

Sócio-consultor
Lidera equipes de TI há mais de 20 anos. Especialista em desenvolver diagnósticos e soluções eficazes com foco na geração de negócios para as empresas.
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