Independente do segmento da empresa, a TI precisa liderar a transformação de negócio e isso exige interação profunda com todas as áreas, como comprova o case de sucesso do grupo Bio Ritmo/Smart Fit
por Lozinsky Consultoria
O entendimento da TI como área estratégica é a mola mestra da transformação de negócios. Essa é uma lição que o Grupo Bio Ritmo/Smart Fit traz em sua essência. A Lozinsky Consultoria conversou com Valter Sobral, Gerente de Infraestrutura de TI do grupo, para entender como essa mentalidade levou a uma transformação digital profunda que, além de trazer melhores resultados para a empresa, colocou o profissional entre os três finalistas para o prêmio de Melhor Gerente de Suporte de 2020, oferecido pela HDI Brasil. (referência: https://hdibrasil.com.br/2020/trofeu-hdi)
Lozinsky Consultoria: Quando vocês perceberam a necessidade de operar uma mudança mais profunda na gestão de TI do grupo?
Valter Sobral: Quando nossa diretoria percebeu a necessidade de melhorar nossos processos e montar um plano direcionado para atender nossos objetivos de curto e médio prazo. Para nosso diretor, era um desafio novo: somos a maior empresa do segmento de academias na América Latina, mas ainda trazíamos características, típicas de empresas familiares, que precisavam ser aprimoradas se quiséssemos seguir crescendo.
Lozinsky Consultoria: Como foi o plano diretor que levou a essa mudança? E qual foi o maior desafio na implantação?
Valter Sobral: Houve diversas frentes de trabalho. A diretoria de TI do nosso grupo era subdividida em três grandes áreas: desenvolvimento, software corporativo e infraestrutura. Uma equipe multidisciplinar da Lozinsky veio e atacou todas as frentes em conjunto, estabelecendo uma sinergia muito boa com nosso time. Hoje, essas três áreas têm outras subdivisões. Como exemplo do trabalho, cito o nosso service desk, em que havia desafios importantes. Antes de começarmos, era uma área sem métricas suficientes ou significativas, não havia metas estabelecidas para os colaboradores. Vínhamos tentando implementar coisas nesse sentido. Porém, havia uma preocupação de não mecanizar o time de suporte, porque somos uma empresa de bem-estar e que dedica especial atenção aos clientes. Era preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre processo e humanização. Juntamente com a Lozinsky, fizemos os alinhamentos necessários e encontramos um caminho bem-sucedido.
Consultoria Lozinsky: Saindo um pouco da questão estratégica e indo para a tática, vocês lançaram mão de recursos de gamificação para implementar essas métricas, certo? Conta para a gente como foi.
Valter Sobral: Sim, usamos a gamificação. Lembro-me bem do dia em que decidimos fazer esse trabalho. Era preciso estabelecer essas metas e métricas de uma forma que fosse aderente aos analistas. Era importante, que houvesse oportunidade para todos terem conquistas no game. Se você adota a metodologia de um campeonato de pontos corridos pura e simplesmente, desmotiva quem já está “desclassificado”. Então, desenvolvemos premiações intermediárias, de modo que todos tivessem oportunidade, mas que aqueles que se destacassem, a longo prazo, recebessem um prêmio melhor. Também pensamos em prêmios factíveis, que fossem atraentes para o colaborador e trouxessem benefícios para a empresa: há treinamentos e cursos para os premiados. Há viagens também, bem estruturadas, porque não adianta pagar uma passagem para Paris a um vencedor se ele não tiver dinheiro para usufruir dos restaurantes do entorno. Acho que isso ficou bem desenhado: a gente consegue motivar com prêmios mensais e quem se destaca mais recebe prêmios maiores. Espero que consigamos manter esse game por muito tempo, e que tenha vindo para ficar. Afinal, está dando tão certo, que outras áreas, além do service desk, estão pedindo que seja implementado para eles também.
Lozinsky Consultoria: Como você recebeu essa indicação ao Prêmio de Melhor Gerente de Suporte do Ano no Troféu HDI Brasil 2020?
Valter Sobral: Sinto que essa indicação não é só minha, mas de toda a equipe de trabalho. É a premiação a um trabalho feito sobre os fundamentos nos quais acredito, é trabalho verdadeiramente conjunto. Não há, em nosso plano, nenhuma ideia que tenha sido de apenas uma única pessoa. Um trabalho feito dessa forma merece ser premiado. Isso é o que me traz o desejo de ganhar. Estar entre os três melhores já é um grande prêmio, sem dúvida, mas espero que ganhemos.
Lozinsky Consultoria: Diante dessa sua crença em uma atuação conjunta, gostaria de saber sua visão sobre o porquê de tantas empresas não conseguirem ter esse tipo de sinergia, mesmo dizendo que isso é importante para elas. O que separa o discurso da prática?
Valter Sobral: O receio do que pode vir a partir disso. Toda empresa coloca sempre que o capital humano é o mais importante, mas a verdade é que ficam preocupadas em dar prosseguimento a algo para o qual não estão preparadas. Quando a gente coloca as pessoas numa sala e dá voz a elas, é preciso ouvi-las de fato: não adianta dizer não para tudo. Nem toda direção corporativa está disposta a ouvir o que está sendo pleiteado ou criticado. Não era o caso do grupo Bio Ritmo/Smart Fit, que sempre foi muito focada em treinamento, em trazer as pessoas para perto do negócio e dar voz a elas. Desde que entrei, participo de workshops com lideranças, com pessoas de outras áreas, gente das áreas de negócios. Isso sempre foi um atributo da empresa.
Lozinsky Consultoria: O profissional de TI de hoje está preparado para ter essa transversalidade, esse entendimento estratégico?
Valter Sobral: Durante muitos anos, a TI foi entendida como suporte ao negócio. Hoje trabalho em uma empresa cujo negócio é bem-estar, mas que não vê a tecnologia como suporte e, sim, como parte do negócio. A pandemia escancarou isso. Tivemos que desenvolver muitos produtos digitais. Os últimos anos têm mostrado para todo o mercado que a TI não é apoio, que não há negócio, da agricultura à medicina, que não envolva inteligência artificial, digitalização etc. Porém, se por um lado as empresas estão valorizando mais a área, os profissionais de TI ainda não viraram essa chave. Ainda há muito profissional de TI com a percepção de que só precisa entender dos aspectos técnicos. Quando ele percebe que tem que entender do negócio, já está passo à frente dos demais.
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