Uma Jornada permanente e fundamental para o futuro do líder de TI

No pré-lançamento da Jornada do CIO, ficou claro que, para ser realmente estratégico, o CIO deve investir tempo, recursos e esforços no autoaprimoramento, desenvolvendo não apenas capacidades técnicas e executivas, mas, sobretudo, de liderança

 

por Sergio Lozinsky

Levantar os dados é apenas a primeira parte de uma pesquisa. À luz da análise e interpretação é que esses dados adquirem relevância e começam a permitir uma compreensão maior da realidade. É por isso que o estudo “Jornada do CIO – da realização pessoal à transformação de negócios” é um exercício contínuo de investigação sobre a liderança em TI, que transcende o próprio questionário.

No dia 18 de novembro, a Lozinsky Consultoria realizou o pré-lançamento da edição 2020 do estudo. Como parte do evento, mediei um debate com três líderes bastante experientes: Alessandra Figueiredo, IT Head da Iguá Saneamento; Fernando Rostock, CIO da Yamaha; e Jorge Luis Cordenonsi, CIO Brasil e Latam do Compass Group. Esse debate permitiu aprofundar questões relevantes identificadas na análise preliminar da pesquisa, e revelar outros aspectos que somente a experiência prática de CIOs experientes permitiria conseguir.

O debate é o momento de enriquecimento de um estudo. É a partir dele que a consistência da proposta – ou a falta dela – aparece. A soma das visões particulares, a correlação entre dados aparentemente dissociados, a associação entre a realidade retratada nas respostas e a experiência pessoal de cada um: tudo isso colabora para o aprofundamento do universo retratado pelos números.

Afinal, a “Jornada do CIO” tem objetivos ousados: mapear o perfil do líder de TI no mercado brasileiro e estimular o livre pensar entre profissionais que podem operar transformações significativas nos negócios e na sociedade.

E, no debate do pré-lançamento, chamou especial atenção o aspecto da formação do profissional de TI, especialmente o dos líderes. Destacou-se a percepção de que, para que o CIO exerça bem seu papel e ainda almeje uma posição influente, ele tem que investir tempo, recursos e esforços para se aprimorar constantemente. 

Reconheço que falar em “melhoria constante” não é novidade. Mas a expressão oculta muitas vezes uma postura profissional superficial, na qual a pessoa se mantém inteirada das novidades mas não se aprofunda em nenhuma delas. Ou, pior, que se torna algo dito apenas “da boca pra fora”. Obviamente, não é desse tipo de “melhoria” que estamos falando.

A melhoria de fato é a que leva o CIO a ter influência estratégica, a desenvolver a capacidade de liderar pessoas. Ela extrapola a formação “técnica”, que diz respeito apenas à tecnologia, e extrapola até a educação executiva. É uma necessidade que envolve principalmente a formação cultural desse líder.

A conclusão à qual o debate nos permitiu chegar, porém, foi a de que os CIOs precisam se aprofundar mais nos temas de transformação pela tecnologia para serem capazes, de fato, de fazer recomendações importantes para as suas organizações. O livre pensar não está sendo exercido como poderia e deveria, o que se deve, em parte, a uma deficiência (ou comodismo) na formação e, também, pela pressão que esses líderes sofrem por respostas imediatas — cerca de 76% dos entrevistados da segunda edição da Jornada do CIO reconheceram ser alvo dessa pressão constante por respostas rápidas.

O livre pensar defendido por nós representa ponderação, pesquisa, a possibilidade de considerar outros tipos de ideias. Essa atitude demanda tempo, não só para refletir, mas também para elucubrar, aprofundar-se nas questões, trocar ideias com pares. Esse ambiente que valoriza respostas rápidas pode até parecer que funciona bem no curto prazo, mas compromete os resultados de longo prazo, porque não deixa espaço para que o CIO avalie os impactos de uma forma mais holística, cobrindo aspectos como arquitetura de sistemas, sustentação, diversidade tecnológica, por exemplo.

Na pesquisa, 71% dos líderes entrevistados disseram fazer uso de grupos de troca e colaboração como fontes de desenvolvimento e aprendizagem — como fóruns presenciais e grupos de whatsapp. Pensando nisso, encerramos o evento convidando os espectadores e todos os líderes de TI interessados para integrar o grupo de discussão “Jornada do CIO”, que será lançado em breve pela Lozinsky Consultoria.

Os fóruns presenciais em geral abordam questões com visão de longo prazo, em linha com o que recomendamos. Mas a pandemia eliminou temporariamente esse espaço. Os grupos digitais são produtivos, mas normalmente têm caráter mais imediatista. A proposta do grupo que estamos criando é justamente trazer profundidade e produtividade. Queremos fomentar ideias; olhar menos para o agora e mais para o que vem pela frente.

Vamos colocar temas de relevância da carreira do CIO, da estratégia de TI, tendências de mercado, novas ideias que afetam o papel de TI, para serem debatidas e desdobradas. Ou seja: o grupo não é um fim em si mesmo, e sim um fomentador que permitirá que a Jornada do CIO se torne uma investigação cada vez mais completa e complexa.

E vou além: acredito que a troca de ideias não deve ficar só entre CIOs, mas deve estender-se à equipe que ele comanda. Assim, o CIO, de alguma maneira, assume a batuta da formação do próprio pessoal, incentivando-os a estudar, a debater internamente, a se aproximar de outros profissionais e se engajar em atividades que lhes permitam aumentar seu conhecimento técnico e cultural.

 

Leia mais:

Diante de circunstâncias e problemas ainda mais complexos, a Jornada do CIO não pode parar

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artigo assinado por

Sergio Lozinsky

Sócio-fundador e CEO
Com mais de 30 anos na TI, é fundador da Lozinsky Consultoria. Autor de livros e inúmeros artigos sobre estratégia empresarial e tecnologia.
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