Já se vão mais de quinze anos a que o assunto Governança de TI continua despertando emoções, e sempre voltando à lista dos “cinco mais” citados pelos CIO’s como um tema relevante – que merece palestras e debates em eventos de Tecnologia. Como consultor, posso testemunhar que dificilmente elaboro um diagnóstico da área de TI de uma empresa sem mencionar a necessidade de melhorias nos processos e políticas de Governança de TI da
organização. Na prática, essa é uma questão que procuro entender logo nos primeiros momentos do projeto, porque a maneira como a Governança de TI acontece ajuda a explicar muito do que vai ser encontrado nas entrevistas e levantamentos.
O que (ainda) ouço do pessoal de TI é uma reclamação constante de que a área não recebe a atenção devida, que os executivos não compreendem o caráter estratégico (ou o valor agregado) das iniciativas de Tecnologia, e que os usuários costumam misturar problemas operacionais corriqueiros (queda da rede, paralisação do e-mail, falhas no notebook) com a qualidade do serviço e do desempenho da área de TI. E que isso é muito “injusto”.
Nas organizações do século XXI o tempo é um recurso escasso (assim como o talento). E por isso, ganhar a atenção das pessoas que decidem é um desafio. E justamente por isso, deve ser algo meticulosamente planejado. É ingênuo imaginar que criar um Comitê de Tecnologia com pessoal do alto escalão, incumbido de reunir-se mensalmente para discutir “temas estratégicos” vai funcionar regularmente (a partir da segunda reunião) simplesmente porque isso “é importante”. Se a agenda dessa reunião não contiver temas relevantes para os negócios da empresa (e não somente para a função de TI), não só causará desinteresse entre os tomadores de decisão do negócio, como fará renascer a dúvida se TI se encaixa nos “temas estratégicos”.
O responsável pela TI, sua equipe, seus consultores de confiança, e seus principais fornecedores deveriam contribuir de forma contínua para a construção de uma lista de temas relevantes estrategicamente. Pesquisá-los, aprofundar-se para dar fundamentação técnica às questões identificadas, e preparar-se muito bem para a “próxima reunião” do Comitê de Tecnologia da empresa. Essa preparação pode e deve incluir conversas com usuários, busca de apoio ou patrocínio para algumas idéias por parte dos gestores.
Como já recomendei a mais de um CIO, “se não houver temas relevantes, melhor adiar a reunião”, poupar o tempo dos executivos. E trabalhar mais firmemente para determinar o que fará diferença no negócio, sob a ótica de TI.
Ah, e para entender a frase de Einstein, no começo do artigo – é preciso saber explicar as questões de TI de forma simples, e fazer uma clara associação entre o que está sendo colocado e as prioridades do negócio.