Gestão de TI no varejo: quem não pensar no pós-pandemia corre o risco de ficar para trás

Após reagir à paralisação imposta pela Covid-19, próximo passo é se voltar para a inovação e, assim, criar condições para a retomada dos negócios

Por Enéas Rodrigues

O varejo foi um dos setores mais afetados pela pandemia da Covid-19. Alguns negócios registram quedas muito representativas no faturamento, segundo dados de empresas de serviços financeiros. Há até mesmo casos de receita zero. Lojas fechadas, desemprego ou redução de salários, retração dos hábitos de consumo e até e-commerces pouco eficientes podem entrar no rol das causas, mas a pergunta mais importante para o momento não é “por quê?” e sim “e daqui para a frente?”. E esse questionamento impacta diretamente a gestão de TI.

O momento de debater a reação às restrições causadas pela pandemia ficou para trás. O movimento de mudança para o trabalho remoto já foi feito, e quem não estava preparado teve que lidar com todos os problemas de arquitetura de TI e segurança da informação que vieram a reboque. As empresas mais preparadas, por sua vez, conseguiram se organizar mais rapidamente, mas agora todas se deparam com o mesmo dilema: como será o “day after”?

A cada dia cresce a necessidade – e a responsabilidade da gestão de TI – de buscar formas rápidas e economicamente viáveis para aumentar as oportunidades de otimização de despesas e aumento das receitas no varejo. Já é hora de pensar quais iniciativas tecnológicas serão decisivas no atendimento dessa necessidade. É um momento propício para retomar projetos de transformação digital e uso estratégico de tecnologia que vinham sendo postergados.

 

[lozinsky_news] 

 

É verdade que poucos varejistas entraram nessa crise com dinheiro em caixa. O setor já estava em um processo de recuperação de outra crise, causada pela redução de poder de compra de boa parte da população. Quem não tinha essa reserva financeira teve menos espaço de manobra. Independentemente disso, a pandemia trouxe outros desafios, como a renegociação de contratos e de pagamentos, falta de fluxo de caixa, demissões, reduções de salário e afins. Todos entraram em um rio caudaloso, mas já está na hora de colocar a cabeça para fora da água e pensar no que precisa ser feito para chegar à outra margem com condições de seguir em frente.

O que fazer, então?

A primeira ação envolve projetos de ganho rápido, como aqueles relacionados às  promoções de vendas, em especial para quem possui bons níveis de estoques. Mas é preciso levar em consideração que nem todos os brasileiros terão poder aquisitivo no pós-pandemia. Por isso, ser capaz de prever as necessidades do cliente pode trazer mais resultados.  Entram em cena as soluções que permitem mapear esse comportamento. Automatizar processos também pode ser decisivo nesse ganho rápido. Em nossas relações com o mercado, vimos muitas empresas que tinham projetos de automatização apenas no papel, mas que aguardavam uma decisão executiva para entrar em operação. Essa decisão não pode mais ser adiada. 

Outro ponto que deve ser retomado é o comitê executivo de TI. Esse grupo é ainda mais necessário em empresas onde o CIO não integra o board. E, para ter êxito, ele precisa ser constituído por pessoas de perfil adequado (Executivos do negócio, TI e consultores  especialistas em tecnologia e em negócios do varejo). Aos poucos percebo que o mercado entende melhor o papel desse comitê como ferramenta de comunicação entre a TI e o negócio e de viabilização e priorização de projetos.

Há, ainda, outras discussões pertinentes à gestão de TI no varejo que não podem esperar o fim da pandemia. Uma das mais urgentes diz respeito ao espaço físico das lojas: é o momento de otimizar cada metro quadrado disponível. Novamente, a tecnologia entra, por exemplo, para ajudar na distribuição da mercadoria, para motivar os clientes a comprar aquilo que precisam e para identificação e redução de atritos – ou seja, gargalos que dificultam a compra nos canais disponíveis. Essa estratégia, que é mais aplicada no e-commerce, também pode mapear as decisões de compra nas lojas físicas, reduzindo tempo e espaço entre a escolha do produto, passando pela decisão de compra e seu pagamento, ou, ainda, medindo o desempenho e qualificando os vendedores. São muitas as possibilidades. 

Planejamento e transformação

Uma pandemia era impensável, mas já passou da hora de superar o choque inicial. O momento é de agir para garantir o amanhã. A capacidade de planejar, trabalhar e reagir será o diferencial dos negócios no pós-pandemia. Também é preciso lembrar que o cliente é fiel, sim, às marcas, e aquelas que se dedicaram a ajudar a população – fosse com renegociação de dívidas ou mesmo com ações mais diretas – atravessarão esse período fortalecidas e serão lembradas quando a crise passar. O varejo tem, ainda, cenários muito individualizados, impactados de maneiras diferentes pela crise. Por sua vez, os empreendimentos que tinham seu modelo de negócios fincado na venda de balcão são os que estão sofrendo mais duramente. 

Mesmo assim, cabe a todos a mesma provocação: é preciso parar de pensar no agora e pensar no que vai ser daqui em diante. A liderança executiva precisa estar a par disso, e entender que a inovação será imprescindível nessa retomada. Se você lidera um negócio e não parou para redesenhar projetos e assumir que a transformação não pode ser postergada, reavalie. Ainda não é tarde – mas logo pode ser.

 

Leia mais:

Transformação de negócios: por que você deve planejar hoje o pós-pandemia

Comitê de TI: difícil com ele, muito pior sem ele

artigo assinado por
compartilhe este artigo
Redes sociais Lozinsky Redes sociais Lozinsky

Qual o seu problema
de negócio complexo?

Conheça os desafios que motivam a transformação do seu negócio. E saiba como resolve-los,
nossos cases
Outros artigos
Estratégia e gestão de TI
https://lozinskyconsultoria.com.br/wp-content/uploads/2023/01/fabio.png

Se a TI está atuando como “resolvedora de problemas”, está atuando errado

Tratar a área de tecnologia como uma “tiradora de pedidos” é colocá-la em segundo plano, negando ...

Leia o artigo
Transformação de Negócios
https://lozinskyconsultoria.com.br/wp-content/uploads/2023/01/fabio.png

Como a inteligência artificial vai transformar a cibersegurança e acelerar os negócios

As inovações proporcionadas pelo uso de IA estão a ponto de eliminar um dos maiores entraves para...

Leia o artigo
Estratégia e gestão de TI
https://lozinskyconsultoria.com.br/wp-content/uploads/2023/01/sergio.png

Todas as lideranças precisam de KPIs – por que o board não?

Se os conselheiros não estão sujeitos a indicadores, como saber se as decisões que estão apoiando...

Leia o artigo
mais artigos