*Por Fabio Ferreira
Depois de anos “pisando nas nuvens”, as grandes organizações começam a se questionar se vale mesmo a pena delegar todo o armazenamento de seus dados a soluções de cloud. Os custos de operações desse tipo já tinham se mostrado elevados no passado recente, levando a um movimento de “(des)cloud” de algumas companhias. Agora, as aplicações de inteligência artificial lançam uma necessidade de processamento muito maior do que qualquer outra tecnologia jamais demandou, agravando o problema. Diante disso, cabe investir mais em uma infraestrutura própria?
Essa é uma discussão importante, e não é exclusiva de organizações com faturamento bilionário. O debate envolve também uma mudança no mercado: as soluções em nuvens estão mais agressivas em ofertar descontos e se mostrarem financeiramente competitivas. Com a necessidade de manter quem já aderiu à nuvem se misturando à pressão para trazer novos clientes, os valores de operações em cloud já não são mais o vilão que pareciam até pouco tempo atrás.
Apesar de ser um caminho importante e saudável, a nuvem requer uma análise criteriosa de quais aplicações a empresa deseja colocar ali. Por exemplo, não adianta querer levar para cloud uma aplicação que não foi pensada para esse ambiente (cloud native), porque isso certamente vai resultar em um consumo maior de capacidade, eventualmente inviabilizando a empreitada.
Entre ficar na nuvem ou chamar a maior parte da solução para si, há vários “caminhos do meio” possíveis. Para entender qual deles é viável e, mais importante, o que vai trazer maior retorno, é preciso ponderar sobre alguns aspectos específicos:
Como visto, essa avaliação exige um profundo conhecimento técnico. Portanto, a decisão final sobre em qual ambiente operar não pode ser do negócio, já que ele não tem condições de enxergar as complexidades envolvidas na escolha. A decisão precisa ser da TI. Porém, é ingenuidade supor que o negócio vai permanecer alheio. Ele vai questionar – e com razão – a respeito das coisas que sempre buscou: estabilidade, escalabilidade e resiliência.
Esse questionamento é necessário. Ele vem do desejo de se certificar que a infraestrutura é capaz tanto de crescer, como de diminuir no momento em que cada uma dessas ações se fizerem necessárias. Já a TI tem que trazer o custo da operação para a sua vertical, ou seja, ela precisa ser diligente ao levar essa avaliação para o FinOps.
Não custa lembrar que essa escolha não é para estabelecer um cabo de guerra entre quem tem maior poder de decisão, e sim deixar a palvra final nas mãos de quem tem realmente condições de selecionar o que é melhor para o negócio.